top of page

Principais Notícias

DE VOLTA PARA 2020? NÃO É BEM ASSIM...

À medida que os casos do vírus aumentam na Europa, uma série de restrições retornam, incluindo um lockdown na Áustria.

ree

A já frágil recuperação econômica da Europa corre o risco de ser prejudicada por uma quarta onda de infecções por coronavírus que agora inundam o continente, à medida que os governos impõem restrições cada vez mais rigorosas, que vão reduzir o público em shopping centers, desencorajar viagens e diminuir o fluxo de frequentadores de restaurantes e hotéis.


A Áustria impôs medidas mais rígidas, exigindo comprovantes de vacinação e um lockdown nacional que começou na segunda-feira. Mas a atividade econômica também será prejudicada por outras medidas de segurança sanitária europeia: desde passaportes vacinais na França e na Suíça até a exigência de home-office em quatro dias por semana na Bélgica.


“Esperamos um inverno complicado”, disse Stefan Kooths, diretor de pesquisa do Instituto Kiel para a Economia Mundial, na Alemanha. “A pandemia agora parece estar afetando a economia de forma mais negativa do que pensávamos inicialmente.”


Os duros lockdowns que varreram a Europa durante os primeiros meses da pandemia no ano passado acabaram reduzindo a produção econômica em quase 15%. Estimulados por um grande apoio governamental às empresas e desempregados, a maioria desses países conseguiu se recuperar e mitigar suas perdas depois que as vacinas foram introduzidas, as taxas de infecção despencaram e as restrições diminuíram.


Em setembro, economistas declararam com otimismo que a Europa havia chegado a um ponto de inflexão. Nas últimas semanas, as principais ameaças à economia pareciam advir de uma aceleração pós-lockdown que estava causando gargalos na cadeia de suprimentos, aumentos nos preços da energia e preocupações com a inflação. Esperava-se que a vacinação generalizada permitiria que as pessoas pudessem se reunir livremente para fazer compras novamente, comer fora e viajar.


O que as autoridades talvez não esperassem era uma cepa altamente contagiosa, turbinada por certa resistência às vacinas (negacionismo alimentado por figuras formadoras de opinião) além da diminuição do incentivo para outras medidas anti-infecciosas, como as máscaras. Isso permitiu que o coronavírus reaparecesse em algumas regiões.


“Quanto mais baixas as taxas de vacinação, piores são as perspectivas econômicas para este semestre”, disse Kooths.


Aproximadamente dois terços da população da Europa foram vacinados, mas as taxas variam muito de país para país. Apenas um quarto da população da Bulgária recebeu a primeira dose ou a dose única, por exemplo. Em comparação, em Portugal o número é de 81 por cento, de acordo com o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças.


Antes de serem fechadas, as lojas na Áustria já estavam sofrendo uma perda de 25 por cento na receita em novembro em comparação com o mesmo período de 2019, disse a associação de comércio varejista do país na segunda-feira. Embora as últimas compras no sábado antes do lockdown - as lojas na Áustria fecham no domingo - tenham sido mais fortes do que no mesmo dia dois anos atrás, disse o grupo, não seriam suficientes para compensar as perdas esperadas nas próximas semanas.


Os hotéis não estavam se saindo muito melhor na semana anterior ao início do lockdown, com uma em cada duas reservas canceladas, disse a associação de hotéis da Áustria.


Ainda assim, a perspectiva geral não é tão pessimista quanto no ano passado. Embora vários analistas tenham reduzido suas previsões para outubro, novembro e dezembro, o crescimento ainda deve ser positivo, com o aumento anual oscilando em torno de 5 por cento. As taxas de desemprego caíram e, em algumas áreas, as empresas reclamam da falta de mão-de-obra.


A resposta da Áustria, de impor um lockdown de três semanas - que fecha todas as lojas, exceto aquelas que comercializam itens de “necessidades básicas”, determina que os restaurantes sirvam apenas no sistema de delivery e exige que as pessoas fiquem em casa, excluindo as atividades essenciais - não é necessariamente um termômetro do que outros governos em toda a Europa farão. Líderes na França e na Grã-Bretanha sinalizaram na semana passada que não planejavam novos fechamentos.


“Não estamos ainda nesse ponto”, disse Sajid Javid , o secretário de saúde britânico, no domingo. Claus Vistesen, economista-chefe da zona do euro da Pantheon Economics, disse que embora seja claro que as restrições e lockdowns tiveram um impacto significativo e imediato na economia, fechamentos limitados e intermitentes - como aqueles que já existem em alguns países - seriam menos danosos ao crescimento econômico geral.


O aumento das taxas de infecção também colocará as preocupações com a inflação - pelo menos no futuro próximo - “um pouco em segundo plano”, disse ele.


Assim como no Brasil, as semanas que antecedem o Natal estão entre os dias de maior atividade do comércio varejista na Áustria e na Alemanha, onde as pessoas se reúnem para comer, beber e comprar presentes. Os tradicionais mercados que normalmente abrem do final de novembro até 24 de dezembro, também são uma atração turística importante e geram receitas mais amplas por meio de reservas de hotéis e outros eventos culturais. No ano passado, muitos mercados foram completamente fechados.

A República Tcheca e a Eslováquia também impuseram novas restrições. Na Alemanha, alguns estados introduziram lockdowns parciais e, a partir de quarta-feira, os não vacinados serão obrigados a apresentar um teste de Covid-19 negativo (PCR) antes de ir para o trabalho.


No final deste inverno, quase todo mundo na Alemanha "estará vacinado, curado ou morto", disse Jens Spahn, o ministro da saúde, na segunda-feira.


Um fechamento nacional na Alemanha, a maior economia do continente, é improvável no momento, mas Carl B. Weinberg, economista-chefe da High Frequency Economics, alertou que um fechamento arrastaria toda a Europa. “Se a Alemanha travar, a Europa vai voltar à recessão”, disse ele.


Na França, a segunda maior economia da Europa, o presidente Emmanuel Macron reluta em reverter os ganhos econômicos quando uma grande eleição está marcada para abril. Apesar dos avisos de especialistas de que outra onda do coronavírus está atingindo a França "na velocidade da luz", Macron disse na semana passada que não fecharia partes da economia novamente ou seguiria a Áustria.


Quase 70 por cento da população francesa tomou as duas doses, e o país impôs um “passe” vacinal exigindo que as pessoas apresentem comprovante de vacinação para viajar em trens e aviões e entrar em restaurantes, cinemas e grandes centros comerciais.


O governo agora exigirá uma dose de reforço para pessoas com 65 anos ou mais para que o passe permaneça válido, e o Conselho de Defesa da Saúde da França se reunirá na quarta-feira com Macron para discutir outras opções para retardar a disseminação do coronavírus.


O governo, disse um porta-voz esta semana, está impondo “o peso das restrições para as pessoas que optaram por não serem vacinadas, em vez das pessoas vacinadas”.


Veremos o que acontecerá no Brasil após o carnaval. Fica a lição da letalidade ocorrida nos dias que seguiram as festividades.


Comentários


Destaque

Praia de Botafogo

Metropolitana

Em Pauta

bottom of page