BOLSONARO PRESTA DEPOIMENTO A POLICIA FEDERAL E DIZ QUE EX-JUIZ MORO QUERIA NEGOCIAR VAGA NO STF

Presidente disse que Moro teria condicionado troca na Policia Federal a sua indicação ao STF

O Presidente Bolsonaro, prestou depoimento na noite de ontem à policia federal no inquérito aberto para apurar possível crime de interferência na instituição da policia federal. O ex-ministro Sérgio Moro levantou a suspeita de que o presidente teria interferido na cúpula da corporação para proteger parentes e aliados.

No depoimento, Bolsonaro negou interferência na PF e afirmou que trocou seu comando por uma questão de diálogo, o presidente inda disse que Moro teria concordado com a nomeação do delegado Alexandre Ramagem, atualmente na direção da Abin, para o comando da PF desde que isso ocorresse após sua indicação para vaga de ministro do STF.

No depoimento, Bolsonaro disse que em meados de 2019 solicitou a Moro a troca do então diretor-geral da Polícia Federal “em razão da falta de interlocução” que havia entre ele e o delegado Maurício Valeixo. “Não havia qualquer insatisfação ou falta de confiança com o trabalho realizado pelo Valeixo, apenas uma falta de interlocução.”

Bolsonaro citou que Sergio Moro, não teria tido "empenho" em investigações, em especial sobre a da facada que recebeu durante a campanha presidencial, em 2018.

Dois inquéritos da PF, sobre o atentado, foram concluídos mostrando que o autor do crime, Adélio Bispo, agiu sozinho, ao contrário do que argumenta bolsonaristas.

O presidente disse ao policial que cobrou Sergio Moro sobre a investigação da facada, mas que "não observou nenhum empenho do ex-ministro em solucionar o assunto". O depoimento foi prestado dentro do Palácio do Planalto.

O presidente disse que suposta falta de empenho se repetiu no caso do depoimento prestado por um porteiro do condomínio onde mora no Rio.

O advogado do ex-ministro Sergio Moro, Rodrigo Sánchez Rios, divulgou uma nota em que diz que a defesa do ex-ministro foi surpreendida pela notícia de que o presidente prestou depoimento à autoridade policial "sem que a defesa do ex-ministro fosse intimada e comunicada previamente, impedindo seu comparecimento a fim de formular questionamentos pertinentes, nos moldes do que ocorreu por ocasião do depoimento prestado pelo ex-ministro em maio do ano passado".